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03/04/2023

Um disco que virou livro

Por conta da efeméride dos 30 anos, o Sr. Mustaine resolveu botar no papel a história do disco mais emblemático da carreira do Megadeth. Rust in Peace, lançado no ano da (des)graça de 1990. O preferido dos fãs, certamente, mas também aquele que mesmo a turma que torce o nariz para a banda costuma fazer a ressalva, dando uma respirada antes de pontuar: “Mas o Rust in Peace é foda”. Faz parte do distinto grupo dos discos que nascem clássicos.

A Belas Letras correu atrás e conseguiu disponibilizar a pré-venda da edição em português com uma diferença insignificante em relação ao lançamento nos EUA. O que é muito legal: livro quente, quente, digno da definição “acabou de sair”. Fiz a indicação do livro pra Belas e assumi a missão de editá-lo. Na força-tarefa, estiveram comigo: o tradutor Marcelo Hauck (nosso primeiro trabalho juntos), direto das Minas Gerais; o designer Celso Orlandin Jr.; e a revisora Jaqueline Kanashiro, relembrando os seus tempos de banger adolescente no Recife. Além, é claro, da equipe da editora, articulando as ideias de marketing, de vendas, de imprensa... Enfim, de todos os aspectos que formam a vida do livro.

Com foto de capa do lendário Ross Halfin e prefácio do Slash, o livro é apresentado no formato de história oral, nos moldes do clássico “Mate-me por favor” (pra citar um exemplo que todo mundo conhece). Com a óbvia exceção do finado Nick Menza, todos que participaram do disco deram depoimentos para o livro: Dave Mustaine, David Ellefson e Marty Friedman. Além da banda, também há as vozes dos produtores, empresários e até de um ex-integrante, o Chuck Behler.

Muita droga e muita clínica de reabilitação. Um entra e sai frenético, retratando bem o inferno vivido pelos “Davids” (Mustaine e Ellefson) naquela época. Apesar disso, o Mustaine é capaz de soltar pérolas quase cômicas: “A maioria dos caras que têm problemas com drogas é porque têm problemas em conseguir as drogas. Os caras que têm dinheiro e podem pegar drogas sempre que querem não têm problemas com drogas. Eles têm problema com o uso de drogas.” Pois é...

Embora tenha sido composto no auge da chapação, o disco foi executado em estúdio com a banda careta. Aqui é o Ellefson que explica:O Rust in Peace é um disco que escrevemos nos nossos dias mais sombrios e gravamos nos dias mais iluminados.” É um retrato bem fiel do processo. E tá tudo destrinchado no livro, pode confiar. (Encerro por aqui para evitar mais spoilers do que o necessário, rs.)

Não sem antes agradecer às pessoas que ajudaram a criar um conteúdo exclusivo para o e-book, com depoimentos sobre o impacto do Rust in Peace aqui no Brasa. Para todos nessa lista, muito obrigado: Douglas Prieto, Vinicius Castro, Jéssika Montanha, Maurício Panzone, Cristiano Viteck, Dick Siebert, Walcir Chalas, Gustavo Drummond, Lalo Tonus, Marcio Black e Daniel Molina.

É isso, mais um livro de rock na praça. E não é todo dia que sai livro sobre disco de thrash metal, convenhamos.

Marcelo Viegas
Editor de livros (e revistas), cientista social, skatista, vocalista da banda 93 Foundation e pai do Milo. Já fez zines, teve selo musical (sHort records) e loja de discos.