Que tal ser “gente de muitos sonhos”?
“Já existia, bem antes da pandemia: gente de poucos sonhos, e gente de muitos sonhos.
Gente de poucos sonhos costuma ter dificuldade para sair da cama e muitas vezes se pergunta se é mesmo preciso fazê-lo. Gente de muitos sonhos tem pauta corrida e objetivos: um minuto a mais aqui, é um minuto a menos lá.
Gente de muitos sonhos às vezes nem sonha tanto: sabe que é hora de baixar a cabeça e fazer as coisas que precisam ser feitas; nem sempre agradáveis — mesmo quem ama o que faz, não ama sempre tudo o que faz. Gente de poucos sonhos, paradoxalmente, passa o tempo todo sonhando.
Gente de poucos sonhos não começa nada, com medo de fracassar. Gente de muitos sonhos sabe que o tempo inteiro é preciso começar coisas que poderão fracassar. Gente de muitos sonhos está sempre vibrando com o sucesso dos amigos de muitos sonhos. Gente de poucos sonhos, sempre se comparando.
Gente de muitos sonhos ri e chora. Gente de poucos sonhos tem medo da crítica, e detesta surpresas. Gente de poucos sonhos sofre quando perde o controle.
Gente de muitos sonhos é pragmática: acredita na ciência, mas também reza. Sabe que, quem não acredita em milagres, não é realista.
Gente de poucos sonhos teve um tipo de esperança esquisita quando chegou a pandemia. Pensou que gente de muitos sonhos agora iria ficar como gente de poucos sonhos — já que não teria saída: teria também que ficar adiando seus sonhos, quem sabe até parando de sonhar.
SÓ QUE GENTE DE MUITOS SONHOS DESAPRENDE E SE REINVENTA RÁPIDO, MUDA DE PERSPECTIVA E MUDA AS COISAS DE LUGAR E JÁ PERCEBEU QUE, PARA VIVER, NÃO É PRECISO PERMISSÃO.
Gente de muitos sonhos está aqui para inspirar, e provavelmente é quem vai fazer com que gente de poucos sonhos, um dia, acorde."
Uma semana de muitos sonhos para você!
Texto de Cassio Grinberg, autor do livro Desaprenda.
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