Quatro vindas ao Brasil, quatro oportunidades para ficar perto dela
Em 2008 eu tive outra experiência maravilhosa com a Cyndi. Escrevi outra carta, atualizando minha história e sua importância na minha vida. Na carta eu contei que quando “acordei” para a sua arte, em 1984, eu ainda não tinha consciência do motivo pelo qual eu tinha me identificado tanto, mas depois, me descobrindo gay, em plenos anos 80, no Brasil, e com tão pouca experiência de vida, ela foi meu refúgio e minha fortaleza. Era na sua diferença que eu me identificava, me sentia acolhido e seguro.
Cresci com sua arte, suas letras cheias de conteúdo, mensagens positivas e de luta por uma sociedade mais justa, sua luta pela igualdade de direitos e respeito pela comunidade LGBTQIA+, pelas mulheres e negros, sempre inspiradora. Na carta também falei sobre o meu, então recente, diagnóstico e sobre como ela estava me ajudando a superar mais aquela batalha. Eu disse a ela, mais uma vez, o quanto era importante e agradeci por ter salvado minha vida tantas vezes.
Juntei algumas fotografias e levei a carta comigo para entregar a ela durante seu tour pelo Brasil. Após o show, em Belo Horizonte, eu e alguns amigos fomos esperá-la no hotel. Ao chegar havia muita gente, pois estava acontecendo uma festa de casamento no hotel. Então ela apenas parou por pouco tempo, tirou algumas fotos e subiu, mas nesse ínterim eu consegui entregar a carta a ela.
Na sequência ela se apresentou em Curitiba, se eu não me engano foi no dia seguinte. Eu e alguns amigos fomos esperar por ela no hotel, depois do show. Ela chegou por volta das duas horas da madrugada, visivelmente cansada, mas parou e atendeu todos os fãs, 10 ou 12 pessoas. Quando eu me dirigi a ela, disse que tinha entregado a carta em Belo Horizonte. Inicialmente, ela apenas disse “eu recebo muitas cartas”, então respondi que “na carta tinham algumas fotos e eu falei sobre você”. Ela segurou o meu braço e com os olhos marejados me disse: “e sobre você, desde que você era um garoto, mas você ainda é um garoto. E como você está? Você está bem?”. Imediatamente meus olhos se encheram de lágrimas e eu não pude falar muita coisa por conta da emoção. Apenas disse que eu a amava, então ela me abraçou e beijou meu rosto.
Foi um momento mágico, extremamente emocionante e de cura, eu me senti fortalecido e renovado! Se não tivesse sido filmado eu até poderia achar, depois de um tempo, que não tinha sido tanto assim. Alguns amigos fotografaram e outro amigo filmou, por isso é um momento que eu tenho registrado, não só na memória.
Depois disso, Cyndi ainda voltou ao Brasil em 2011, fui em quase todos os shows, fiz fotos, entrei no camarim, foi demais! No ano passado, 2018, fui até Reno, no Estado de Nevada, nos EUA, só para vê-la ao vivo, na tour que estava fazendo ao lado do grande Rod Stewart. Por fim o show foi cancelado por problemas com a saúde do Rod Stewart, mas ainda assim aproveitei a viagem e mais uma vez, por causa dela, eu me diverti bastante.
Tive a honra de chegar próximo à ela nas quatro vezes em que ela esteve no Brasil, fui em quase todos os shows que ela fez por aqui, estive no camarim, ao lado de globais, tietando ela, estúdio de TV, coletiva de imprensa, escrevi uma matéria para uma revista, fui citado por DJs da MTV. Ou seja, além de tudo, Cyndi me proporcionou momentos extraordinários aos quais eu jamais teria acesso se não fosse por causa dela. Ela é incrível e eu só tenho a agradecer pela honra de estar nesse planeta na mesma época em que essa pessoa tão grandiosa e iluminada também está. Obrigado, Cyndi!
Eu sou Rogerio Silva, tenho 49 anos de idade e desde os 13 sou fã incondicional da incrível Cyndi Lauper. São quase quatro décadas coloridas, cheias de inspiração e admiração, embaladas com a melhor trilha sonora possível!