Punks & fraldas
A história começou em 2017, durante um café depois da aula, ali na região de Pinheiros, em São Paulo. Numa conversa com o Gustavo Guertler, publisher da Editora Belas Letras, mencionei um livro sobre paternidade lançado nos EUA e que permanecia inédito no Brasa. Era o Punk Rock Dad, escrito pelo Jim Lindberg, vocalista da banda Pennywise. O Gustavo curtiu a ideia e, pouco tempo depois, veio a confirmação: “Vamos nessa, o livro é nosso”. Mais um motivo para amar café: se não fosse por ele, talvez esse livro não existisse.
Trabalhar na edição do Papai Punk (título em português) foi algo muito especial. Afinal, o processo se desenvolveu ao mesmo tempo em que eu lidava com os aprendizados e alegrias de me tornar um papai punk. Lia o texto na tela do computador e matutava: “Caramba, sei exatamente do que ele está falando...”. Na minha cabeça, ecoava uma frase do Jim: “A experiência pode ser a melhor professora, mas, muitas vezes, é a experiência de outra pessoa que ensina melhor.”
E essa experiência foi compartilhada com a galera que me ajudou a botar esse livro de pé: o tradutor Paulo Alves; a revisora Jaqueline Kanashiro; o designer Guilherme Theodoro; o fotógrafo Roberto Gasparro; e Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish, que escreveu o prefácio. O César Carpanez (HS Merch) também deu uma baita força ao longo do caminho. Além, é claro, da equipe da Editora Belas Letras. Gostaria também de agradecer aos papais punks que contribuíram com depoimentos exclusivos para o e-book: Fernando Sanches (baixista do CPM22); Eduardo Braz (skatista profissional); Márcio Sno (zineiro e escritor); Pedro de Luna (autor da biografia do Planet Hemp); André Alves (vocalista e guitarrista do Statues on Fire); Rodrigo Koala (vocalista e guitarrista do Hateen); Leandro Nô (ex-baterista do Dead Fish); e Gonta Felix (tatuador).
Nós, que aprendemos tanto com o punk, temos agora a tarefa mais importante pela frente: transmitir valores, ensinamentos e referências culturais que possibilitem uma visão de mundo mais ampla e livre de preconceitos. Como disse o saudoso D. Boon, da lendária banda Minutemen: “punk is whatever we made it to be” (“o punk é qualquer coisa que fizermos dele”, em tradução livre).
Que assim seja.
Marcelo Viegas é editor de livros e revistas. Deu os primeiros passos na profissão editando fanzines punks nos anos noventa.