Fui diagnosticado com HIV, mas eu tinha a música e a mensagem da Cyndi
Cyndi tem esse poder e essa magia de transformar nossas vidas e proporcionar momentos incríveis e marcantes.
Os anos passaram e a minha admiração só evoluiu. Não há algo na carreira da Cyndi que eu possa dizer que deveria ter sido diferente, porque se fosse não seria ela. Ela disse uma vez que era como se um anjo dissesse para ela “você tem que ir por esse caminho” e ela foi. Sua carreira é baseada naquilo que ela acredita e como ela disse “ser bem sucedido é estar conectado com quem você é”. Ela demonstrou isso tão bem durante as várias fases de sua carreira (ou “Eras”, como nós, fãs, costumamos dizer). Teve a Era Blue Angel, antes da carreira solo, a Era She’s So Unusual, a Era True Colors e assim por diante, cada uma refletindo e transparecendo suas cores verdadeiras, sem medo, e é por isso que nós a amamos!
Com o passar do tempo, em 2007 eu me vi em um drama, que infelizmente acomete muitas pessoas, fui diagnosticado com HIV. Na época meu mundo desmoronou, lembro que eu realmente perdi o chão. Eu estava na rua quando abri o envelope com o resultado do exame e ao ler “positivo” eu não enxerguei mais nada a minha volta. Meus passos estavam descoordenados como se não tivesse um chão sob os meus pés, comecei a ouvir buzinas de carro e gente gritando. Depois de um tempo percebi que eu estava no meio de uma rua movimentada, atrapalhando o trânsito e por sorte não fui atropelado.
Meu namorado me deixou, na época, com medo de contrair. Eu fiquei me sentindo isolado e à parte das outras pessoas. Em 2007 ainda não havia tanta informação como tem hoje. Hoje se sabe que uma pessoa positiva para o HIV, mas que toma os retrovirais e está com a carga viral indetectável, além de ter uma vida saudável, não tem possibilidade de transmitir o vírus, seja através de ato sexual, seja através de transfusão de sangue ou compartilhamento de seringa. Pode-se levar uma vida normal, namorar, amar, viver sem medo.
Quando fui diagnosticado eu tinha todas aquelas incertezas e, mais uma vez, foi a música, a arte, a mensagem da Cyndi que me ajudou muito. Ela sempre abordou o tema e foi engajada na luta para angariar fundos e espalhar conhecimento e compreensão sobre como conviver com o vírus e informações para prevenção. Um de seus melhores amigos, Greg, morreu em 1986, em decorrência da AIDS, uma vez que naquela época não havia recursos para tratamento, e isso fez com que a luta fosse ainda mais importante para ela.
Entre 2007 e 2008 ela percorreu os Estados Unidos com um festival, que ela chamou de True Colors Tour. Ela e outros artistas se apresentavam e a renda foi revertida para pesquisas, campanhas e instituições que atuam disseminando conhecimento e cuidando de pessoas afetadas pelo vírus.
Eu sou Rogerio Silva, tenho 49 anos de idade e desde os 13 sou fã incondicional da incrível Cyndi Lauper. São quase quatro décadas coloridas, cheias de inspiração e admiração, embaladas com a melhor trilha sonora possível!