Eu sou a Mari e eu mudei
“Se você não está contente onde está, saia. Você não é uma árvore.” Quantas vezes já ouvimos essa frase, não é mesmo? Se analisarmos ao pé da letra, ela diz que a árvore é imóvel e, portanto, imutável. Mas já parou pra pensar que a árvore muda o tempo todo? Ela cresce, troca as folhas, gera frutos, perde-os, gera flores, perde-as e está sempre mudando para garantir um novo ciclo.
Apesar de não sair do lugar, até as árvores mudam. Então, por que não mudamos nós também? A palavra “mudança” por muitas vezes gera medo, insegurança do novo e, na maioria das vezes, faz com que desistamos sem nem tentarmos.
Eu mudei, não porque estivesse infeliz onde e como estava, mas porque sempre acreditei que era possível mudar. Então, aos 25 anos, com uma carreira “sólida”, um bom salário para a minha idade, bens materiais próprios e suficientes para uma vida confortável antes dos 30 anos, resolvi mudar. Planejei, fiz planilhas, estatísticas, pesquisei, estudei e vi que era possível.
Larguei o emprego, eu e meu marido pegamos nossas economias, deixamos tudo planejado e em pleno funcionamento (contas a pagar, cachorros cuidados e dinheiro suficiente pra isso) e compramos uma passagem só de ida em busca do novo. Se íamos voltar? Talvez.
Trocamos hospedagem por trabalho, cuidamos de cachorro, de criança, pintamos casa, regamos jardins, fizemos café da manhã de hotel, atividades que não faziam parte da nossa rotina. Conhecemos 9 países assim, cada um com uma mala, trocando experiências, dividindo histórias, somando bagagem, fazendo amigos e nos redescobrindo a cada lugar que visitávamos, a cada nova pessoa que conhecíamos.
Decidimos voltar porque, ao longo da viagem que durou 3 meses, redescobrimos o significado da felicidade. Então, voltamos. Não para a nossa casa, não para a nossa cidade, não para nossos empregos estáveis. Decidimos voltar pra uma nova vida, com mais qualidade, perto do mar, com menos bens e mais tempo, como sempre sonhamos. Não foi fácil, a adaptação a uma nova realidade, mesmo que melhor, requer paciência e tempo.
Mas, tais como as árvores, se não perdêssemos os frutos conquistados até então, não saberíamos que novos e mais saborosos estavam por nascer, entre eles nossa filha. Então, que sigamos o exemplo das árvores que, mesmo parecendo não ser possível, conseguem mudar. Ah, e se não der certo? Mudamos de novo, porque se tem algo que podemos fazer a qualquer fase da vida é mudar, quantas vezes forem necessárias, buscando sempre o que nos faz FELIZ!
Mariana Lyrio Couto - amo escrever e não dispenso um desafio.
Instagram: @marilyriocouto