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03/04/2023

Aquele sobre a edição do livro de Friends

“I’ll be there for you” foi a música que escolhi para a minha formatura no Ensino Médio. Lembro que não pensei muito para decidir, simplesmente foi a música que fez sentido para marcar o encerramento de uma época em que os seus amigos são como uma família. Basta lembrar que a gente se via na escola a manhã inteira e depois nos ligávamos de noite e conversávamos mais uma ou duas horas, naquele tempo em que não tinha celular e a internet recém estava começando – mas tinha que esperar a meia-noite para conectar por causa do preço do pulso.

Naquela época, quando a gente conversava, a gente conversava de verdade – ninguém disputava a atenção dos amigos com os smartphones. Nos finais de semana, a gente se reunia na casa de algum dos amigos, preparava pão de queijo e ficava batendo papo – podia ser um café (mas nunca encontramos um café com um sofá tão aconchegante como o Central Perk). Mais de quinze anos depois, esses mesmos amigos dessa época nostálgica ainda estão comigo. Não como na época da escola, pois nós crescemos, temos novas ocupações, alguns tiveram filhos e nós não falamos mais no telefone por duas horas, mas eles ainda estão aí (obrigada, gurizada, vocês sabem quem são); e na Belas Letras, nós estamos comemorando o lançamento de Friends Forever – Aquele sobre os episódios, depois de cinco meses de trabalho e diversão, ou de diversão e trabalho, como queira.

Não lembro exatamente como comecei a assistir Friends. Eu era adolescente e aquelas pessoas eram jovens adultos em uma metrópole incrível. Pode parecer algo distante de uma guria do interior do Rio Grande do Sul, mas Friends fala sobre melhores amigos que são como uma família, e aí a gente entende por que o seriado tem um apelo universal e por que é tão fácil se identificar com aquela turma. O seriado é para mim como aquele amigo querido que a gente não encontra com tanta frequência, mas quando encontra, é sempre especial. Quando assisto, não é como um entretenimento qualquer. Apesar de eu já conhecer tão bem a história, é algo que eu sei que vai me deixar bem e com uma sensação boa.

Bom, em meio a tudo isso, em uma tarde qualquer de novembro do ano passado, nosso publisher, o Gustavo, veio me falar sobre as reuniões que ele teve na feira de Frankfurt, a principal feira de editoras do planeta, onde o mundo editorial se encontra, sejam as grandes companhias ou as pequenas editoras independentes, tipo nós. E aí ele me contou sobre a última reunião que teve, quando o pessoal da HarperCollins apresentou a ele o livro oficial dos 25 anos de Friends. Eu devo ter feito uma expressão bem Janice Oh-My-God e tudo se encaixou, porque na Belas Letras a gente publica livros sobre família. Não precisa ser a família de sangue, desde que tenha amor envolvido. A negociação deu certo, e coube à Belas Letras a missão de publicar este item de coleção no Brasil!

Depois disso, houve muito trabalho e muita troca de ideias também. Conversei muito com a tradutora Carolina, sempre preocupada para que nenhuma expressão perdesse o sentido em português, para o leitor brasileiro. Também troquei ideias com o Celso, nosso talentoso designer, que adaptou o projeto gráfico tão lindo da HarperCollins, e com o Germano, nosso revisor com olhos de lince, sempre atento ao detalhe que certamente passaria despercebido ao olho de outra pessoa. Neste meio-tempo, assisti a muitos episódios novamente. Quando tinha alguma dúvida com relação ao texto, recorria à memória, mas também gostava de conferir no episódio. E, é claro, lendo sobre os bastidores, sobre como surgiram as ideias para criar o seriado, como as decisões foram tomadas, como os atores foram escolhidos, como o set foi desenhado, me vi envolvida nessa atmosfera novamente e revi muitos episódios só por diversão. Mesmo quando assisti para tirar dúvidas para a edição do livro, não foi com aquela pressão (você sabe, é uma coisa de trabalho – me senti como se fosse a Phoebe falando agora). Foi algo leve como Friends deve ser, e como as coisas costumam acontecer na Belas Letras. A gente trabalha muito, mas comemora também.

Como diz o editor Marcelo Viegas, editar livros não é algo que se faça na correria (embora a sensação seja sempre a de que estamos correndo contra cronogramas), o tempo flui de maneira diferente para aqueles que se aventuram nesta arte. Assim como era diferente o tempo em que eu era adolescente e comecei a assistir ao seriado. Uma época nostálgica, nem melhor nem pior do que agora ou do que amanhã, com todo esse futuro maravilhoso que a tecnologia, quando bem usada, nos possibilita. Apenas diferente.

Neste momento em que vivemos tempos tão difíceis com a pandemia, penso nas pessoas que compraram na pré-venda e que estão na expectativa de recebê-lo, junto com o kit especial, e em como espero que ele traga um pouco de diversão e leveza em meio ao caos. Acredito que essas pessoas vão se surpreender positivamente, vão rir e descobrir coisas que não sabiam, vão marcar com um x os episódios que já viram e vão rever muitos outros, vão se emocionar e vão se sentir alegres. Eu também, quando abrir o meu exemplar impresso pela primeira vez! Meus amigos, eu poderia estar mais animada?!

I KNOW!