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03/04/2023

Acid for the Children: um livro mágiko

Eu sei que foi em 1988, mas não me lembro exatamente da fonte. Das duas, uma: pode ter sido no [extinto programa de skate] Grito da Rua, com a exibição do campeonato de vert da Vision, no qual a banda tocou no encerramento; mas também pode ter sido com o saudoso Kid Vinil, no Som Pop, com o clipe de “Fight Like a Brave”. Sim, estou falando do Red Hot Chili Peppers e do modo como cheguei à banda. Escutei muito no final dos oitenta, começo dos noventa, em especial o disco Freaky Styley, o meu favorito.

Muitos anos se passaram e aqui estou para esboçar algumas linhas sobre um projeto envolvendo a banda: logo depois que trabalhei na reedição brasileira do Scar Tissue, começou a circular com força o boato de que o Flea estava preparando um livro de memórias. O rumor, então, converteu-se em fato, com o anúncio oficial do livro. Fiquei com isso no radar e passei a bola pro Gustavo Guertler, publisher da Editora Belas Letras. A data de lançamento na gringa foi adiada diversas vezes e eu segui com o ritual pentelho de mandar e-mails pro Gustavo com a insistente pergunta: “E o Flea?”

Por fim, rolou. Em dezembro de 2019 veio a confirmação de que o livro estava nas nossas mãos, junto com o aviso de que teríamos um tempo reduzido para finalizá-lo. Encaramos a missão e deu tudo certo. O único contratempo foi a pandemia: se não fosse por isso, o livro já estaria circulando faz tempo.

Com um lindo e inédito poema da Patti Smith como introdução, Acid for the Children é uma estreia literária estupenda! Flea parece um veterano escrevendo, literalmente imprimindo sua alma em cada página. Sem ajuda de um jornalista ou ghost writer, o músico entregou um texto tão saboroso quanto suas linhas de baixo. Só não espere um relato convencional: nada é morno ou previsível nesse livro de formação. Na falta de um adjetivo melhor, Acid for the Children é mágiko!

Para entregar essas palavras mágikas em língua portuguesa, contei com a ajuda do tradutor Paulo Alves, da revisora Jaqueline Kanashiro e do designer Daniel Justi, além da sempre prestativa Fernanda Fedrizzi, da Belas Letras.

Antes da pandemia paralisar o mundo, deu tempo de incluir mais esse no currículo. E, se eu fosse você, trataria de incluir na prateleira também...

 

Marcelo Viegas

Editor de livros (e revistas), cientista social, skatista, vocalista da banda 93 Foundation e pai do Milo. Já fez zines, teve selo musical (sHort records) e loja de discos.